quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Cotidiano

Zombie walk Recife 2007
Memórias de um morto-vivo
Thiago Zumbi Neres
Especial para o DIARIO*


Imagem: Flávio Gusmão/ Especial para o Diario


Quando se é vivo, o maior problema de uma pessoa é a morte. Até que ela morre e descobre que o pior pesadelo de um morto é voltar à vida. Claro que nós, almas penadas, sofremos problemas como o superlotamento do submundo. Mas é verdade que as festas do além são divertidíssimas! E só existe um dia - um maldito dia - capaz de tirar a gente do sério: Dia de Finados.

Estava junto com alguns amigos no último feriado, quando de repente sentimos um calor enorme. A princípio, pensei que estava no inferno, mas alguém reconheceu o local como o Recife. Sinceramente, não deve ter tanta a diferença. No meio de nossa fúria (tínhamos virado zumbis!), lembro que foi Eduardo Alencar que, junto com alguns conhecidos, deu a idéia de fazer uma Zombie Walk em Recife. A idéia já tinha sido posta em prática em Porto Alegre, no ano passado, e tinha dado certo. Seria nossa vingança, uma espécie de caminhada de mortos-vivos para aterrorizar as pessoas. Quando vão entender que a gente não volta porque não quer?



E assim, saímos de uma tal de Praça do Derby rumo ao chamado Marco Zero. Felizmente, alguém estava com uma caixa de som e ouvimos nossas músicas favoritas durante o percurso. Claro que para alguém que já partiu dessa para uma melhor (muito melhor, vale ressaltar) não existe música mais legal que Thriller (Michael Jackson) ou Ghostbusters (Ray Parker Jr). Conseguimos assustar várias pessoas nas ruas, mas não do jeito que a gente imaginava. Só fomos descobrir isso mais tarde, quando um humano demente se confundiu e gritou: "ARRASTÃO!" Por volta das 19h, muitos companheiros já tinham voltado para seus túmulos, mas alguns foram comemorar a pós-caminhada no Bar do Metal, com bandas de rock.

Conversavamos e ríamos daqueles filmes de terror de Hollywood, que não tinham senso de realidade. Zumbis velhos, feios e que andam se arrastando? Que nada, na Zombie Walk Recife os jovens compareceram em peso. E cá entre nós, tinha gente bonita demais no meio, mesmo depois de uma viagem (só de ida) para debaixo da terra. E quem se arrasta por aí é tartaruga. Na verdade, nossa caminhada parecia mais uma corrida. Depois eu fui saber que colocaram um baú cheio de cérebros - nossa comida favorita - no final do percurso. Cérebros são gostosos e têm um valor nutritiv... ops, adequado! É uma pena que nem todo mundo tenha um que funcione…



Era chegada a hora de partir. A volta dos que não foram (mas que agora já foram) foi um sucesso! Na comunidade do Orkut, dentro da mortonet, já se fala na caminhada de 2008. Alguns, mais pretensiosos, pensam até em desenvolver um roteiro de filme de terror. Quem sabe, né?

Zumbis aterrorizaram os recifenses da da praça do Derby ao marco zero no feriado de finados.

Foto: Flávio Gusmão/ Especial para o Diario

CAMINHADA INFERNAL // No Youtube, digite “Zombie Walk Recife 2007”

Nosso repórter especial do outro mundo, Thiago Neres, aproveitou a passeata dos mortos-vivos no Recife, em pleno feriado de Finados, para gravar um vídeo. Confira as peripécias da galera na Avenida Conde da Boa Vista.


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*Matéria publicada no DIARIO DE PERNAMBUCO, no caderno FANZINE, segunda-feira, 12/11/2007.

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